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Moradores do Morro Santa Marta começam a se mobilizar contra as câmeras de segurança instaladas na favela - uma das medidas previstas pela Secretaria de Segurança dentro do projeto da Unidade de Policiamento Pacificadora (UPP). Eles se queixam que não foram consultados sobre o posicionamento dos equipamentos e que não têm informações sobre quem tem acessos às imagens nem o destino dado a elas. Cartazes foram distribuídos na favela com a foto do morro e a inscrição "Big Brother Santa Marta - a espiada que não vale um milhão".
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Ao custo de R$ 500 mil, nove câmeras foram instaladas em áreas estratégicas, como na última estação do plano inclinado, no alto do morro e passaram a monitorar a favela. Os equipamentos têm capacidade dar giros de 360º, captando tudo a sua volta, e de aproximar as imagens até as ruas do bairro de Botafogo.
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É aí que está o problema, dizem os moradores. Eles acreditam que podem estar sendo filmados dentro de suas casas. "A gente mora de frente para a estação do plano inclinado. Antes a gente podia até trocar de roupa com a janela aberta. Agora temos de fechar", comentou a dona de casa Neide de Moura, de 50 anos, que mora com duas filhas e um neto. "Se querem filmar a rua, eu acho ótimo. Dá mais segurança. Mas o problema é filmar dentro da casa da gente. É uma invasão de privacidade", reclamou.
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Para o rapper Fiel, uma das lideranças comunitárias do Santa Marta, as estratégias de segurança do "asfalto" não servem para a favela. "Aqui não é condomínio, não é rua. Lá embaixo a câmera é para proteger o morador. Aqui é para tratá-lo como suspeito", afirmou o rapper, que participa da elaboração de uma cartilha sobre abordagem policial, em parceria com a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.
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A assessoria de Imprensa da Secretaria de Segurança explicou que as câmeras focam os acessos da favela e não filmam dentro das casas dos moradores.
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Fonte: Matéria de Clarissa Thomé, O Estado de S. Paulo - Fábio Motta/AE
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