quarta-feira, abril 02, 2014

Globo: Apoio ao golpe de 64 foi um erro

Diante de qualquer reportagem ou editorial que lhes desagrade, é frequente que aqueles que se sintam contrariados lembrem que O GLOBO apoiou editorialmente o golpe militar de 1964.
A lembrança é sempre um incômodo para o jornal, mas não há como refutá-la. É História. O GLOBO, de fato, à época, concordou com a intervenção dos militares, ao lado de outros grandes jornais, como "O Estado de S.Paulo", "Folha de S. Paulo", "Jornal do Brasil" e o "Correio da Manhã", para citar apenas alguns. Fez o mesmo parcela importante da população, um apoio expresso em manifestações e passeatas organizadas em Rio, São Paulo e outras capitais.
A porta principal do GLOBO, foi interditada por militares
Naqueles instantes, justificavam a intervenção dos militares pelo temor de um outro golpe, a ser desfechado pelo presidente João Goulart, com amplo apoio de sindicatos - Jango era criticado por tentar instalar uma "república sindical" - e de alguns segmentos das Forças Armadas.
Na noite de 31 de março de 1964, por sinal, O GLOBO foi invadido por fuzileiros navais comandados pelo almirante Cândido Aragão, do "dispositivo militar" de Jango, como se dizia na época. O jornal não pôde circular no dia 1º. Sairia no dia seguinte, 2 de abril, quinta-feira, com o editorial impedido de ser impresso pelo almirante, "A decisão da Pátria". Na primeira página, um novo editorial: " Ressurge a Democracia". (fac-símiles da primeira página e da página 3, da edição de 2 de abril de 1964, na galeria de páginas).
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terça-feira, abril 01, 2014

As músicas e a repressão

No período em que o Brasil foi governado pelos militares (1964-1985), artistas deixaram na história músicas de protesto ao regime - por isso, muitos foram reprimidos e punidos.

Música: "Cálice
Chico Buarque e Milton Nascimento, com participação de Gilberto Gil 
Trecho marcante: "Como é difícil acordar calado/ Se na calada da noite eu me dano/ Quero lançar um grito desumano/ Que é uma maneira de ser escutado" 
Contexto: O título da música é um jogo de palavras que mostra a ambiguidade entre "cálice" e "cale-se". Composta em 1973 por Chico e Gil, só pode ser lançada em 1978 por causa da forte censura do período. Pouco antes de "Cálice" ser composta, Chico viveu um auto-exílio na Itália, em 1969. Gil também esteve exilado por causa da ditadura e só retornou ao País em 1972.

Música: "O Bêbado e a Equilibrista
João Bosco e Aldir Blanc, gravação de Elis Regina Trecho marcante: "Chora a nossa Pátria Mãe gentil/ Choram Marias e Clarisses/ No solo do Brasil" 
Contexto: Lançada em 1978, deixou Elis Regina encantada com a letra, tanto que a cantora é a mais famosa interprete dessa música. Um hino da anistia, faz referência às viúvas de presos políticos (Maria, viúva de Manuel Fiel Filho, e Clarisse, viúva de Vladimir Herzog) e ao exílio de intelectuais como o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.

Música: "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores"
Geraldo Vandré 
Trecho marcante: "Há soldados armados/ Amados ou não/ Quase todos perdidos/ De armas na mão/ Nos quartéis lhes ensinam/ Uma antiga lição/ De morrer pela pátria/ E viver sem razão" 

Contexto: Levou o segundo lugar no Festival Internacional da Canção, em 1968, e se tornou um hino de todos que buscavam a abertura política. Com o acirramento da repressão a partir do Ato Constitucional nº 5 (1968), Vandré foi exilado no Chile, Alemanha e França. Quando retornou ao Brasil, em 1973, continuou a ser acompanhado de perto pelos militares.


Música: "É Proibido Proibir
Caetano Veloso Trecho marcante: "E eu digo não/ E eu digo não ao não/ Eu digo: É!/ Proibido proibir" 
Contexto: A primeira apresentação da música, cantada por Caetano ao lado dos Mutantes no 3º Festival Internacional da Canção, em 1968, durante a ditatura, teve péssima recepção. O público presente no Teatro da PUC vaiou, arremessou tomates e outros objetos. Pouco depois, em 1969, Caetano foi preso pelo regime militar e partiu para exílio político em Londres.

Fonte: Tribuna da Bahia