por Cristina Baumgarten (*)
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Sonhei que chegava ao Centro Histórico de Salvador e, já ao desembarcar com um simpático casal de suíços na Igreja da Ajuda, percebia que havia “algo diferente no ar”... Levei alguns segundos para perceber que o que havia era o que faltava... O tradicional “perfume” do Pelourinho, fruto da contribuição voluntária de seres racionais à adubação natural do terreno. Próxima parada, Praça Municipal. Mas... Onde está Wally?? (no caso, os ambulantes...). Apenas dois simpáticos, contidos e bem educados vendedores de água circulavam tranquilamente por ali. Um tanto desconfiada, subi a Misericórdia – sem precisar desviar a atenção dos turistas para o outro lado da rua, evitando que prestem atenção às crianças morto-vivas jogadas na rua aos pés da igreja, pois elas NÃO ESTAVAM ALÍ!! Na esquina com a Praça da Sé, duas baianas sorridentes ofereceram tirar uma foto, educadamente, e nem se penduraram no pescoço do turista. A Praça, livre das ‘meninas’ que oferecem e dos meninos que pedem, parecia maior; no chafariz, ninguém tomava banho. Mas o melhor ainda estava por vir: no triângulo Terreiro, São Francisco, Pelourinho, poucos policiais discretamente colocados em pontos estratégicos observavam o movimento, atentos e ativos; outros poucos, à paisana, sutilmente abordavam os poucos ambulantes, cadastrados, orientando-os na abordagem suave ao turista; o Terreiro de Jesus, limpo e livre de barracas, palcos, pedintes, carros e todo tipo de comércio informal desordenado, era uma visão de tirar o fôlego.
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Na Catedral, fomos abordados por um policial federal – pensem numa pessoa gentil! (É sério!!). Esclareceu que tratava-se ali de uma operação de segurança para a visita do presidente de Cuba – (ah, um companheiro!). Não, eu não precisava sair nem correr, ele apenas pedia que eu fizesse o meu trabalho no tempo necessário, sem esticar demais, pois eles não tinham muito tempo.
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Decepção, frustração, tristeza, raiva... Aquela imagem do Pelourinho-que-queremos não era um sonho, era REAL!! Mas era também a prova viva, irrefutável e inegável de que “eles” SABEM!! Sabem da realidade nua e crua, CONHECEM! os caminhos árduos e as ações duras mas necessárias, e, sobretudo, ENTENDEM! a vergonha que sentimos ao apresentar a nossa casa num estado tão deprimente e deplorável. Não nos resta sequer a possibilidade de, ingenuamente, acreditar que “eles” erram porque não sabem o que fazem ...
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Em tempo: NÃO defendo a tese de um Pelourinho asséptico e irreal, apenas de um lugar que possa ser vivido em paz!
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Sonhei que chegava ao Centro Histórico de Salvador e, já ao desembarcar com um simpático casal de suíços na Igreja da Ajuda, percebia que havia “algo diferente no ar”... Levei alguns segundos para perceber que o que havia era o que faltava... O tradicional “perfume” do Pelourinho, fruto da contribuição voluntária de seres racionais à adubação natural do terreno. Próxima parada, Praça Municipal. Mas... Onde está Wally?? (no caso, os ambulantes...). Apenas dois simpáticos, contidos e bem educados vendedores de água circulavam tranquilamente por ali. Um tanto desconfiada, subi a Misericórdia – sem precisar desviar a atenção dos turistas para o outro lado da rua, evitando que prestem atenção às crianças morto-vivas jogadas na rua aos pés da igreja, pois elas NÃO ESTAVAM ALÍ!! Na esquina com a Praça da Sé, duas baianas sorridentes ofereceram tirar uma foto, educadamente, e nem se penduraram no pescoço do turista. A Praça, livre das ‘meninas’ que oferecem e dos meninos que pedem, parecia maior; no chafariz, ninguém tomava banho. Mas o melhor ainda estava por vir: no triângulo Terreiro, São Francisco, Pelourinho, poucos policiais discretamente colocados em pontos estratégicos observavam o movimento, atentos e ativos; outros poucos, à paisana, sutilmente abordavam os poucos ambulantes, cadastrados, orientando-os na abordagem suave ao turista; o Terreiro de Jesus, limpo e livre de barracas, palcos, pedintes, carros e todo tipo de comércio informal desordenado, era uma visão de tirar o fôlego.
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Na Catedral, fomos abordados por um policial federal – pensem numa pessoa gentil! (É sério!!). Esclareceu que tratava-se ali de uma operação de segurança para a visita do presidente de Cuba – (ah, um companheiro!). Não, eu não precisava sair nem correr, ele apenas pedia que eu fizesse o meu trabalho no tempo necessário, sem esticar demais, pois eles não tinham muito tempo.
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Decepção, frustração, tristeza, raiva... Aquela imagem do Pelourinho-que-queremos não era um sonho, era REAL!! Mas era também a prova viva, irrefutável e inegável de que “eles” SABEM!! Sabem da realidade nua e crua, CONHECEM! os caminhos árduos e as ações duras mas necessárias, e, sobretudo, ENTENDEM! a vergonha que sentimos ao apresentar a nossa casa num estado tão deprimente e deplorável. Não nos resta sequer a possibilidade de, ingenuamente, acreditar que “eles” erram porque não sabem o que fazem ...
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Em tempo: NÃO defendo a tese de um Pelourinho asséptico e irreal, apenas de um lugar que possa ser vivido em paz!
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(*) Cristina Baumgarten é presidente da Federação Nacional dos Guias de Turismo (Fenagtur), leitora e colaboradora deste Blog.
(*) Cristina Baumgarten é presidente da Federação Nacional dos Guias de Turismo (Fenagtur), leitora e colaboradora deste Blog.
2 comentários:
Cristina,
"Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade".
Parabéns pelo texto.
Abs.
Vinicius
E essa federação? Qual o papel dela?
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