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Lula tem poder e popularidade. Mas foi derrubado por uma doença que atinge milhões de brasileiros comuns
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A luz de alerta está ligada. O pico de pressão arterial de 18 por 12 que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou quando se preparava para deixar o Recife na última quarta-feira foi uma prova de que por trás do "mito" existe um ser humano. Como qualquer outro. Um homem de 64 anos que fuma - 20 a 30 cigarrilhas por dia, ultimamente -, e tem uma carga de trabalho exaustiva. A crise hipertensiva, dizem os médicos, foi pontual. O presidente não é hipertenso. Mas está sujeito a novos picos. Agora, Lula vai ter que repensar os planos para a corrida eleitoral e, literalmente, desacelerar. E ele sabe disso.
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"É até bom que tenha acontecido porque acendeu a luz amarela. Vou ter que ter um pouquinho mais de cuidado", disse o presidente a um dos médicos que o atenderam no Recife. Segundo o cardiologista Sérgio Montenegro, do Real Hospital Português, onde Lula ficou internado, o presidente apresentou mal estar, tontura, calafrio, tremor e sensação de falta de ar ainda no avião. Chegou ao hospital com semblante abatido e sinais de fadiga...
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"Como a gente não sabia o que era, a gente acionou o hospital inteiro. Toda a parte de cardiologia, hemodinâmica, cirurgia. Estava todo mundo em alerta", disse Montenegro. O presidente passou por uma avaliação clínica e exame físico que incluiu ausculta respiratória e cardíaca, além de palpação abdominal. Em seguida, foi submetido a uma série de exames: eletrocardiograma (método para medir a atividade elétrica do coração), radiografia e tomografia de tórax e de abdômen, ecocardiograma (que utiliza a ultrassonografia para visualizar o coração) e cerca de 30 exames laboratoriais. Todos de sangue, incluindo hemograma e análise da função renal, hepática e cardíaca. A equipe foi rápida e, uma hora e meia após a chegada do presidente, os testes já tinham sido concluídos. Os resultados estavam dentro dos parâmetros normais.
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Tantos exames, justificaram os médicos, foram necessários para descartar algumas suspeitas, como infarto, embolia pulmonar e um quadro infeccioso. Lula recebeu nebulização três vezes. Cada sessão durou cerca de 15 minutos, com intervalo de pouco mais de uma hora e meia entre uma e outra. "Com a pressão muito alta, os pulmões funcionam de forma um pouco mais trabalhosa. Uma das finalidades da nebulização é dilatar os brônquios e fluidificar as secreções", afirmou o diretor do Real Tórax, do Real Hospital Português, o cirurgião torácico Cláudio Gomes. Segundo Sérgio Montenegro, Lula já tinha tido que nebulizar nos últimos dias. O presidente tem uma bronquite leve. Na tomografia de tórax os médicos identificaram comprometimentos muito discretos e descartaram problemas respiratórios mais sérios.
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