sexta-feira, novembro 27, 2009

"Eu vivo uma vida real e outra virtual"

por Estela Caparelli, de Havana
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Quando decidiu lançar o blog Generación Y, em abril de 2007, Yoani Sánchez era uma desconhecida filóloga de 31 anos disposta a tornar públicos desabafos sobre seu cotidiano em Havana. Para se manifestar, ela recorreu ao único espaço ainda não regulamentado pelo governo da ilha: a internet. Batizou a página em alusão à geração de cubanos que, como ela, receberam nomes iniciados pela letra Y e cresceram em uma Cuba pós-revolução. E alcançou um resultado quase imediato. Carregados de críticas, os relatos pessoais da blogueira se alastraram pela rede.
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Em março deste ano, o blog recebeu, segundo Yoani, 4 milhões de visitas, a maioria de cubanos radicados em países como Estados Unidos, Espanha e Itália, e virou fórum de acalorados debates (um post já incitou mais de 6 mil comentários). Em maio, ela foi apontada pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
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'Eu vivo uma vida real e outra virtual. A virtual é imensa. Não tenho idéia de até onde ela se estende', disse Yoani em entrevista. Confira alguns trechos a seguir:
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Por que a internet, se ela é tão complicada e cara para um cubano?
Não fomos nós que decidimos fazer a revista na internet. O fato é que um cidadão normal em Cuba jamais terá acesso a alguns minutos de televisão nacional, alguns minutos na rádio ou algumas linhas nos jornais. Se em Cuba uma pessoa faz, imprime e distribui um pequeno jornal, é um delito que se chama propaganda inimiga, de acordo com o Código Penal. Não há leis que impeçam um cubano de colocar opiniões na internet.
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Você tem sido muito crítica em relação às regras do governo cubano. Há algo positivo no sistema?
O mais positivo é que já sabemos qual não é o caminho. É ter vivido uma experiência que nos diz: por aqui não devemos seguir. Em geral as pessoas que vivem em Cuba acham que o sistema de educação deve ser mantido. Mas o certo é que, nos últimos 15 anos, a qualidade da educação se deteriorou muito. Não me sinto satisfeita com a educação que meu filho recebe. É medíocre, não fomenta a criatividade ou o debate. Na classe do meu filho há quatro fotos de Fidel Castro. Tudo está muito carregado com ideologia.
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Você tem sofrido algum tipo de censura ou repressão?
Eles (o governo) não podem me expulsar do trabalho porque sou autônoma. Também não quero comprar um eletrodoméstico, estar três dias em um hotel, coisas que fazem com que muitos cubanos continuem se comportando bem. Não porque eu tenha renunciado ao conforto. Mas não quero pagar um preço político por ele. Nem mesmo o fato de não me deixarem sair do país foi desgastante para mim. Creio que isso foi a coisa mais forte que o governo fez até agora contra mim.
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Fonte: Revista Criativa

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