por Florence Perez (Revista Metrópole)
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O Pelourinho virou cartão postal às avessas. A degradação é visível: sujeira nas ruas, ambulantes e pedintes assediando exaustivamente os desavisados turistas e – na falta de equipamento apropriado – o belvedere da Praça da Cruz Caída transformado em sanitário público.
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O Escritório de Referência do Centro Antigo, criado no final de 2007 com função executiva de elaborar projetos, captar recursos e estabelecer quem deve cuidar do Centro Histórico, só começou a funcionar em janeiro de 2008. Um ano e cinco meses depois, o projeto ainda está em fase de leitura.
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Os turistas que visitam o Centro Histórico de Salvador não podem dar cinco passos sem ser importunados. Os ambulantes querem vender a qualquer custo sua mercadoria e, se o visitante for “gringo”, piora tudo. Sempre com a mania de pensar que estrangeiro tem mais dinheiro para gastar, os ambulantes ficam em cima da “vítima”, oferecendo diversas vezes o mesmo produto.
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Se o visitante quiser ir ao banheiro, terá de entrar num bar ou restaurante e consumir alguma coisa. Há poucos sanitários públicos e químicos no local. Mas, caso queira contemplar a Cidade Baixa no belvedere que fica na Praça da Cruz Caída, é melhor evitar ir pela manhã. O local fica cheio de poças de urina e exala um mau cheiro insuportável.
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Nos anos 90, o governo ACM elaborou o plano de revitalização do Pelourinho com sete etapas. De imediato, foram recuperados cerca de cem imóveis. Isso atraiu restaurantes, bares, lojas e pousadas, que começaram a movimentar economicamente o Centro Histórico.
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A antiga imagem ligada a prostituição e violência mudou com o grande reforço policial, e os baianos voltaram a frequentar a área graças ao projeto ‘Pelourinho Dia e Noite’, que promovia peças, exposições e shows.
Hoje, a revitalização está na sétima fase, mas não agrada. “Esta etapa está muito lenta e cheia de entraves. Fizeram a nova iluminação, que está bonita, mas ainda é muito pouco”, relatou Clarindo Silva, dono Cantina da Lua.
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“O Pelourinho está sangrando, está na UTI. Sem investimentos culturais, os baianos deixaram de frequentar o Centro Histórico. É preciso criar atrativos”, reclamou o comerciante. Clarindo acrescentou que a Festa da Bênção está falida e que, sem grandes eventos, não há clientes. “No Dia das Mães, às 21h, não havia uma pessoa em nossas 34 mesas”, afirmou.
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