quinta-feira, junho 10, 2010

Bairro que abrigará seleção brasileira é antítese de África do Sul pós-apartheid

por Daniel Gallas (BBC Brasil)

Enviado especial a Johanesburgo

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Se Nelson Mandela, símbolo da luta por igualdade racial, é a cara desta Copa na África do Sul, com seu rosto estampado em vários cartazes e propagandas por Johanesburgo, a seleção brasileira não poderia ter escolhido um lugar mais diferente e distante desta imagem como sua base na cidade. (Vídeo aqui)

A região de Randburg, no norte de Johanesburgo, é o completo oposto da imagem sul-africana projetada por Mandela - que abriu, na cidade, o primeiro escritório de advogados negros no país nos anos 50.

Randburg é uma mistura de área rural com zona nobre urbana. As grandes mansões e a enorme área verde dividem espaço com prédios comerciais luxuosos e ricos shopping centers.

A seleção ficará hospedado em um hotel que fica junto a dois campos de golfe em uma área luxuosa de mansões, com ruas fechadas apenas para residentes. O colégio usado pela seleção é frequentado por alunos de famílias ricas.

O colégio Hoerskool Randburg, onde o Brasil treinará, é uma das poucas escolas com currículo todo em afrikaaner, a língua falada pela minoria branca do país. Durante o apartheid, o afrikaaner era obrigatório em todas as escolas da África do Sul.

Em 1976, uma rebelião em Soweto contra o ensino obrigatório do afrikaaner - visto na época pelos negros como uma ferramenta de dominação da elite - provocou a morte de mais de 100 pessoas em confrontos com a polícia. O episódio é um dos mais violentos da história do apartheid.

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