terça-feira, setembro 14, 2010

Companheira Dilma?

Acho que a candidata verde à Presidência da República, Marina Silva, tem razão. Os eleitores deveriam querer um segundo turno nestas eleições. Com um pouco mais de tempo podem se certificar se suas intenções de voto são realmente definitivas.

No momento, sob o efeito da excelência avassaladora da campanha publicitária da petista Dilma Rousseff, isso está difícil de saber. Até porque o objetivo da publicidade é exatamente este: induzir.
Um segundo turno daria uma chance para que se conhecesse melhor os finalistas. Que poderiam ser um homem e uma mulher; ou duas mulheres.

Para começar, as campanhas estariam em igualdade de condições de tempo. E, quem sabe, surgiria finalmente uma oportunidade para se assistir um debate que discutisse idéias e propostas verdadeiras; tiradas de raciocínio. E não, como diria Plínio Arruda Sampaio, da cartola... A partir daí, a tomada de decisão de eleger determinado candidato ou candidata seria mais consciente.

Por enquanto, nas ruas, poucos eleitores demonstram conhecer o peso de seu voto para o seu próprio destino e o do país neste século XXI. Muitos encaram o resultado das pesquisas eleitorais literalmente como uma "corrida": com ganhadores e perdedores de placar. Conceito estimulado, obviamente, pelos concorrentes à frente. Trágica competição política.

Porém, dados são dados... E, segundo os dados da pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira, a candidata Dilma permanece com 50% das intenções dos votos. O que não surpreendeu a você nem a mim. Mas uma coisa me encafifou. Por que os homens (54%) são a maioria desse eleitorado petista?

Afinal, o próprio presidente Lula não ratificou o machismo brasileiro apregoando que não se devia ter preconceito contra uma mulher na Presidência da República? Chegou a apelar para razões esdrúxulas como a de que ela, a mulher, gestara o "macho" eleitor; limpara seu bumbum e trocara suas fraldas quando bebê. E que, portanto, os homens estariam devendo votos a Dilma.

Será que o presidente não está correndo o risco de criar uma espécie de complexo de Édipo coletivo e acabar vítima dele? Qual nada. Como o pai nesta história, tudo leva a crer que ele ofuscou preventivamente a visão dos filhos.

Além disso, ainda há a possibilidade do apoio masculino à mulher-Lula por um outro motivo: os homens de menor escolaridade projetam nela a mulher fiel, guerreira e a serviço do chefe da família que precisará se ausentar. Ou seja, ela se comporta como a sombra de seu companheiro-chefe, o presidente Lula, este sim, o iluminado: "o pai que voltará ao comando nas próximas eleições".

No fundo, grande parte desses homens enxerga Dilma como um exemplo para suas próprias companheiras. Não lhes passa pela cabeça que a candidata petista vovó possa ser, na realidade, uma outra pessoa; diferente da que eles fantasiam. Seja uma pessoa pior ou melhor.

Dá para presumir a dificuldade desse segmento em aceitar a possibilidade de Marina Silva (maioria de intenção de votos do público feminino com curso superior) exercer alguma influência sobre suas mulheres. Em campanha eleitoral nada escapa. Até em política doméstica se mete a colher.

por Ateneia Feijó (Jornalista) - Fonte: Blog de Noblat

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